Começou o mês de setembro, e com ele um ponto de partida para muitas pessoas.
Para muitos, o mês de setembro significa um mês de recomeços, baterias recarregadas depois das férias de verão, novos objetivos e novos planos, como um reforço de motivação para realizar os desejos até ao final do ano.
Com a chegada do mês de setembro, chega também o momento de milhares de crianças e jovens preparem o início de um novo ano letivo. Num ano marcado pela pandemia por Covid-19 e situações de isolamento/confinamento, onde todos se viram privados de uma vida normal, é importante que as rotinas regressem, assim como os horários e os hábitos de sono, um fator decisivo para o seu desenvolvimento.
E porque falamos de sono?
Dormir é essencial para qualquer ser vivo.
O sono é um importante fator na nossa saúde, permitindo que o nosso organismo funcione de forma adequada. É através do sono que mantemos o nosso equilíbrio metabólico, emocional e mental, o que nos permite desempenhar com sucesso as tarefas do dia a dia.
Existem informações retiradas de manuais dos anos 60, tempo da ditadura, em que a tortura do sono era algo real, e muitas vezes aplicada aos reclusos. A tortura do sono, ‘’ consistia em não deixar um recluso dormir durante vários dias e noites’’. ‘’O preso sujeito à tortura do sono, ficava muito deprimido, sem vontade, com dores de cabeça e no corpo. Depois surgiam as alterações sensoriais, em particular sonoras, e as célebres alucinações. Quase sempre viam animais nas paredes e no chão ou pensavam que as paredes se moviam’’ (Irene Flunser Pimentel, historiadora).
Apesar dos estudos existentes demonstrarem a importância da qualidade e quantidade de sono, muitos jovens ainda consideram que dormir é uma perda de tempo.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os adolescentes necessitam de 9h a 10h de sono, em média, por dia, no entanto, são poucos aqueles que dormem, pelo menos, 8h por dia.
Dificuldade em adormecer cedo, acordar várias vezes durante a noite e horários irregulares, são algumas das causas que levam os jovens a ter hábitos de sono pouco saudáveis, o que pode trazer consequências que interferem na sua qualidade de vida:
Dificuldade nas tarefas escolares;
Desempenho social inferior;
Dores de cabeça;
Aumento dos níveis de stress;
Irritabilidade;
Sonolência diurna;
Falta de atenção, concentração e dificuldades de memória, entre outras funções cognitivas;
Sistema imunológico comprometido;
Sintomas de ansiedade e depressão;
Diminuição do bem-estar físico;
Diminuição da perceção do bem-estar e qualidade de vida;
Excesso de peso;
Problemas de comportamento.
A investigação demonstra que existem outros fatores associados à baixa qualidade do sono, tais como a preocupação com o desempenho escolar e a alta exposição a ecrãs, condição essa também associada às consequências trazidas pela pandemia. Os dados revelam também que existe uma elevada discrepância nas horas de sono dos jovens, nos dias de semana e nos fins de semana, seja na hora de deitar ou de acordar. Por estes motivos, é importante que os pais/cuidadores, estabeleçam regras e rotinas de sono, num momento em que ainda é possível proceder à mudança de hábitos de uma forma adequada, antes do começo das aulas.
Podem ser adotadas outras estratégias, tais como:
Minimizar variações de horários de sono entre os dias de semana e o fim de semana;
Manter pelo menos 8h de sono diárias;
Manter sempre o mesmo espaço para dormir (evitar sestas na sala de estar ou outros locais);
Utilizar a cama apenas para descansar, e não para estudar ou brincar (a cama deve sempre ser associada ao descanso);
Evitar o sono como castigo (mandar a criança/jovem para a cama como forma de castigo deve ser evitado);
Criar rotinas antes da hora de adormecer (como por exemplo: ler um livro, tomar um banho quente, vestir o pijama);
Incentivar a prática de exercício físico como promotor da qualidade do sono;
Estabelecer regras para o tempo passado em frente aos ecrãs (televisão, telemóvel, computador, tablet, vídeo jogos) especialmente quando se aproxima a hora de dormir.
É igualmente necessário que sejam promovidos programas de educação para a saúde, que enfatizem a importância de um sono reparador, em especial nas crianças e jovens, que estão em constante crescimento e desenvolvimento.
Até breve!
Susana Santos
Psicóloga Clínica
Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses nº 24251
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